A solidão na terceira idade é um problema social atual que afeta uma alta percentagem de idosos e influencia significativa e negativamente o seu bem-estar psicológico. É importante avaliar que a qualidade de vida de uma pessoa é determinada não apenas pela saúde física, mas também pela saúde emocional. No entanto, os aspetos emocionais ainda não são suficientemente levados em consideração, principalmente no campo dos idosos.
O ser humano, como ser social, precisa vincular-se emocionalmente e comunicar-se com outras pessoas para garantir a sua sobrevivência. É verdade que muitas pessoas podem experimentar satisfação em períodos de solidão que podem usar para entrar em contacto consigo mesmas. No entanto, o termo solidão geralmente é usado quando uma pessoa sente desconforto na ausência ou limitação indesejada dos relacionamentos afetivos.
Nesses casos, a solidão geralmente leva a sentimentos de hostilidade, ressentimento, tristeza e ansiedade, que, por sua vez, reativam mecanismos neurobiológicos que podem prejudicar a cognição, emoção, comportamento e saúde dos idosos, aumentando as probabilidades de mortalidade e dependência.
Por outro lado, a promoção da integração e a participação social impedem o isolamento do idoso, aumentando as redes de apoio social, contribuindo para o reconhecimento social e ajudando o idoso a sentir e identificar-se como parte ativa da sociedade. Esse processo é dificultado se os estereótipos negativos que existem hoje continuarem a existir: os idosos são improdutivos, entediantes, doentes, solitários e tristes.
Quebrar esses estereótipos e as barreiras sociais não é uma tarefa fácil. Deveríamos refletir se essa mudança na sociedade em que a velhice, antes reconhecida como fonte de sabedoria, passou a ser considerada um fardo que deve ser deixado de lado. Isso levanta a necessidade de considerar a solidão como um problema de saúde pública que deve ser tratado a partir da prevenção, educando em valores humanísticos que reconheçam a dignidade da pessoa, independentemente de sua idade, e incentive a participação na coexistência inter-geracional e colaboração com os demais.
Em Portugal existem várias linhas de apoio telefónica para situações agudas de sofrimento causadas pela solidão, ansiedade, depressão e risco de suicídio. Aqui ficam algumas: